A concepção da triagem neonatal no mundo

A história da triagem neonatal biológica no mundo se iniciou em 1961, quando o Prof. Robert Guthrie, dos Estados Unidos da América (EUA), desenvolveu a primeira metodologia para dosagem do aminoácido fenilalanina em amostras de sangue seco colhido em papel-filtro, iniciando um projeto-piloto para detecção precoce da Fenilcetonúria. Esse foi o passo inicial para a disseminação da triagem neonatal em grandes populações, permitindo coleta à distância e análise em laboratórios centrais.

Em 1964, 400.000 crianças haviam sido testadas para Fenilcetonúria em 29 estados americanos, com a detecção de 39 casos positivos.

Em 1968, a Organização Mundial da Saúde publicou recomendações gerais para a triagem neonatal biológica. Nos anos seguintes, outras experiências consolidaram a triagem neonatal como um marco revolucionário na Medicina, como o projeto do Prof. Jean Dussault, do Canadá, que em 1972 desenvolveu a dosagem de tiroxina (T4) em sangue seco para detecção do Hipotireoidismo Congênito.

A triagem neonatal no Brasil

No Brasil, a triagem neonatal teve início em 1976, quando o Prof. Benjamin Schmidt criou o projeto pioneiro de triagem para Fenilcetonúria na APAE-SP, atual Instituto Jô Clemente. Dez anos depois, a instituição iniciou a triagem para Hipotireoidismo Congênito.

A primeira legislação brasileira sobre triagem neonatal foi publicada em 1985 no Rio de Janeiro, tornando obrigatória a triagem para Fenilcetonúria e Hipotireoidismo Congênito. Nos anos 1990, com o Estatuto da Criança e do Adolescente, o teste tornou-se obrigatório em todo o país.

O panorama nacional foi modificado em 2001 com a criação do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN).

Os avanços da triagem neonatal biológica no Brasil

Em 2001, o Ministério da Saúde instituiu um Comitê de Assessoria em Triagem Neonatal com o objetivo de estruturar um programa nacional abrangente, considerando não apenas a detecção, mas também o diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes.

O PNTN foi criado pela Portaria nº 822, de 6 de junho de 2001, com os seguintes objetivos:

  • Ampliação da cobertura para 100% dos nascidos vivos;
  • Busca ativa e confirmação diagnóstica;
  • Acompanhamento e tratamento adequados dos pacientes identificados.

Inicialmente, foram incluídas as seguintes patologias:

  • Fenilcetonúria;
  • Hipotireoidismo Congênito;
  • Doença falciforme e outras hemoglobinopatias;
  • Fibrose Cística.

Posteriormente, foram incluídas a Hiperplasia Adrenal Congênita e a Deficiência de Biotinidase.

Implantação do PNTN por fases

  • Fase I: Fenilcetonúria e Hipotireoidismo Congênito
  • Fase II: Inclusão das Doenças Falciformes
  • Fase III: Inclusão da Fibrose Cística
  • Fase IV: Inclusão da Hiperplasia Adrenal Congênita e Deficiência de Biotinidase

Fluxos do PNTN

  • Coleta de amostras em papel-filtro;
  • Exames em laboratórios dos SRTNs;
  • Busca ativa e confirmação diagnóstica;
  • Acompanhamento clínico;
  • Garantia de acesso ao tratamento.

Atualização do PNTN – 2025

Em 2025, a Portaria nº 822 foi atualizada pela Portaria nº 7.293, alinhada à Lei Federal nº 14.154/2021, ampliando significativamente as doenças incluídas no PNTN.

Etapas de ampliação

  • Etapa 1: Fenilcetonúria, Hipotireoidismo Congênito, Doença Falciforme, Fibrose Cística, Hiperplasia Adrenal Congênita, Deficiência de Biotinidase e Toxoplasmose Congênita;
  • Etapa 2: Galactosemias, Aminoacidopatias, Distúrbios do Ciclo da Ureia e da Betaoxidação;
  • Etapa 3: Doenças Lisossômicas;
  • Etapa 4: Erros Inatos da Imunidade;
  • Etapa 5: Atrofia Muscular Espinhal.

A criação da SBTEIM

Em 18 de setembro de 1999, foi fundada a Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal, atual SBTEIM, em reunião realizada em São Paulo, com participação da maioria dos serviços de triagem neonatal do país. Seu primeiro presidente foi o Dr. Ehrenfried O. Wittig (Paraná).

Presidentes da SBTEIM

  • 1999–2001: Ehrenfried O. Wittig (PR)
  • 2002–2003: Judy Botler (RJ)
  • 2004–2006: Tania Marini de Carvalho (SP)
  • 2007–2008: João Amélio da Silva Junior (GO)
  • 2009–2010: Helena Pimentel (BA)
  • 2016–2018: Armando Fonseca (RJ)
  • 2019–2020: Ana Maria Martins (SP)
  • 2021–2024: Tania Bachega (SP)
  • 2025–2026: Carolina Fischinger Moura de Souza (RS)

Congressos Nacionais da SBTEIM

  • I CBTN – nov/2001 – Curitiba
  • II CBTN – set/2003 – Belo Horizonte
  • III CBTN – nov/2005 – São Paulo
  • IV CBTN – ago/2006 – Brasília
  • V CBTN – jun/2008 – Caldas Novas
  • VI CBTN – set/2010 – Salvador
  • VII CBTEIM – mai/2018 – Rio de Janeiro
  • VIII CBEIM – ago/2024 – Online
  • IX CBTEIM – ago/2023 – São Paulo
  • X CBTEIM – jun/2025 – Florianópolis